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O MELHOR DO BRASIL ?
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Publicado em 25/06/2020

Por Igor Rodrigues — Rio de Janeiro

 

Sem rodeios e números infinitos, esse texto tem o propósito de ser direto: Everton Ribeiro é o melhor jogador em atividade no Brasil.

 

E a afirmação não vale apenas num recorte a partir de 2019 - o ano da revolução Jorge Jesus no Flamengo. Ele sustenta o posto desde 2013.

A canhota do camisa 7 sobra no cada vez mais burocrático futebol praticado por aqui. Aos 24 anos, em Minas Gerais, ditou o ritmo por duas temporadas seguidas de um Cruzeiro avassalador. Gols antológicos (como esquecer o chapéu em Luiz Antônio no Mineirão?). Repertório vasto.

Nem mesmo o exílio nos Emirados entre 2015 e meados de 2017 ameaçou a posição. O jejum de conquistas nas primeiras temporadas de Rio de Janeiro - onde hoje completa três anos - não condizia com o nível de jogo de Ribeiro. E quis o destino que caísse nos braços de um treinador, assim como ele, diferenciado.

A regularidade assombrosa, companheira nos últimos sete anos, foi potencializada pelo Mister. Ainda apaixonado pelo lado direito do gramado, ampliou os horizontes. Bebeu da água do português, virou líder também nos bastidores e aliou qualidade técnica à intensidade dentro de campo.

 

É raro vê-lo apagado, omisso. É instintivo criar no imaginário o cenário lúdico quando a bola cai no pé esquerdo do meia. "O que vem a seguir?" Geralmente, a visão de um jogador que raciocina numa velocidade acelerada em relação aos demais.

 

Agora você pode estar pensando: "mas é Gabigol o artilheiro ao lado de Bruno Henrique"; "Arrascaeta é quem aparece no replay daquela jogada decisiva". E, de fato, temos a mania - quase involuntária - de associar os grandes ao número de gols ou assistências. Mas experimente analisar a origem das jogadas pinçadas nos melhores momentos.

Ribeiro não é o rei dos scouts de fim de jogo. A grande virtude é fazer da individualidade o ponto de partida para o sucesso coletivo do time. Em um ou dois cortes, quebra sistemas de marcação. Com um toque na bola desmonta linhas.

Limpa o jogo. Dá espaço aos companheiros. Como um legítimo regente da orquestra - ou aquele camisa 10 em extinção -, aponta em silêncio o caminho.

 

Se você ainda assim prefere números para embasar a tese, que fique com um - talvez o mais relevante de todos. No quesito títulos (deixando de lado os estaduais), Ribeiro tem três Brasileiros (2013, 2014 e 2019), uma Libertadores (2019), uma Supercopa do Brasil (2020) e uma Recopa Sul-Americana (2020). São seis taças relevantes em cinco anos de Cruzeiro/Flamengo e um denominador comum: o protagonismo.

 

Tite, enfim, se curvou ao talento do "Miteiro" na Seleção. E com certa demora. Temos como princípio valorizar o talento que está na Europa. Na grande maioria da vezes com razão, visto que exportamos muito cedo nossa matéria-prima. Mas no quintal de casa, em exemplares cada vez mais esporádicos, ainda respira a essência do futebol brasileiro. Aparece em Everton Cebolinha, Gabriel, Dudu... E, principalmente, em Everton Ribeiro.

A escolha não é científica - o futebol não permite isso. Entre as várias possibilidades, fico com a que mais me aproxima do jogo que, desde garoto, escutei meu avô contar histórias. Você não precisa torcer pelo Flamengo para reconhecer o patamar de Everton Ribeiro, basta ter saudade da magia dos grandes que por aqui já passaram. Um pouco dela está na canhota do camisa 7.

 

Fonte:https://globoesporte.globo.com/

 
 
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