É a segunda saída de um ministro da Saúde em meio ao combate à pandemia de coronavírus no Brasil.
Teich vinha passando pelo que vem sendo chamado de "processo de fritura". Uma pista de que a relação com o presidente não estava bem foi o momento de constrangimento em que o ministro foi avisado pela imprensa da decisão do presidente Jair Bolsonaro, em aumentar a lista de serviços essenciais. O chefe do Executivo sequer o consultou sobre a mudança.
Além disso, Teich não vinha atendendo as expectativas de Bolsonaro em conseguir acordo com Estados e municípios para o plano de flexibilização do distanciamento social – o presidente segue defendendo a política chamada de isolamento vertical, em que apenas pessoas consideradas do grupo de risco deveriam ficar em confinamento. Teich não apoiava publicamente o desejo do presidente.
Amigo de Teich, o oncologista Stephen Stephani, disse na Rádio Gaúcha que a entrada do colega no ministério representava uma mensagem clara de que a gestão seguiria a ciência, o que, na sua avaliação, é o correto neste momento.
— A entrada dele trazia a mensagem clara pela construção científica, identificar os gargalos, oferecer o que está ao alcance da medicina, não se submeter aos humores da política — afirmou.
Para Stephani, a leitura era simples: Teich estava alinhado com a necessidade de compartilhar informação, sem perfil para brilhar em entrevistas. Um dos pontos de divergência com Bolsonaro foi em torno da hidroxicloroquina — o presidente cobra a recomendação para o uso do medicamento inclusive em casos leves de covid-19.
— Opinião cada um pode dar a sua, mas dizer que isso é um dado científico é uma transgressão técnica. E o doutor Nelson Teich não iria embarcar nessa.
Teich é bastante cauteloso em suas manifestações públicas sobre o tema. Na terça-feira (12), em postagem no Twitter, ressaltou a questão dos efeitos colaterais do medicamento.
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/