E 2006 o adversário era a França, algoz de 1986 e 1998. Na primeira fase os franceses avançaram aos trancos e barrancos, empatando com Suíça e Coreia do Sul e derrotando o fraco time do Togo por 2 a 0 com gols no segundo tempo, com momentos preocupantes antes do intervalo.
No mata-mata os franceses bateram a Espanha (que dois anos depois ganharia a Eurocopa) por 3 a 1 e se credenciaram a duelar com o Brasil. Venceram por 1 a 0 com gol de Thierry Henry após passe de Zinedine Zidane, o dono do jogo. Até então o camisa 10 não havia brilhado no certame.
Quatro anos depois, o rival era a Holanda, na mesma fase de quartas-de-final como agora. O time laranja havia vencido todos os jogos e carregava no histórico de Copas a vitória sobre o Brasil em 1974 e a derrota 20 anos depois.
Em campo, a seleção brasileira vencia por 1 a 0, gol de Robinho. Mas em 15 minutos Wesley Sneijder fez dois gols em momentos de pane da defesa brasileira, em seguida Felipe Melo, autor do passe para o gol do Brasil, foi expulso. Ficou nisso.
Na Copa passada a construção dos 7 a 1 teve momentos nos quais, antes de Brasil e Alemanha se enfrentarem, fosse lembrado o sofrimento germânico para superar a Argélia nas oitavas-de-final. Vitória por 2 a 1 na prorrogação com drama inesperado.
Em seguida os alemães passaram apertado pela França, 1 a 0 gol de Mats Hummels. Não existia otimismo exagerado, mas sim certo receio pela ausência de Neymar, contudo, a disparidade entre as equipes não deixou dúvidas em campo. Nem o craque conseguiria alterar o roteiro daquela peleja.
O fato de os germânicos terem sofrido contra os argelinos não significava que seriam frágeis contra o Brasil, mas houve quem acreditasse nisso. Da mesma maneira, por ter levado enorme susto ante o Japão, isso não garante uma Bélgica fraca ante os brasileiros. Mas há quem aposte nisso.
Hoje o Brasil tem um time mais bem preparado do que os das três últimas Copas. Mas o adversário pode ser traiçoeiro como a Holanda de oito anos atrás, ou a França de 2006. Mais do que nunca o discurso de Tite pesará para manter a concentração alta.
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Os belgas não jogaram o que podem, em tese, neste Mundial. Entre eles Kevin De Bruyne, que na Rússia até aqui circula por uma área mais ampla do campo e fica mais preso como segundo volante ao lado de Witsel do que como atua no Manchester City.
Na Inglaterra, Pep Guardiola o escala mais pela direita, organizando o jogo, dando assistências e finalizando, com perigo de média distância. Roberto Martínez, o espanhol que dirige a seleção belga, modificará a postura de seu principal meia? A chave do jogo pode passar por aí.
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Uruguai ou França? Quando o Brasil entrar em campo, já saberá qual seu adversário nas oitavas-de-final, caso supere a Bélgica. Duas escolas distintas, dois tipos de oponentes. Os uruguaios, caso fiquem diante do Brasil, negarão espaços, os franceses não farão questão de ter a bola, mas muda quase tudo a partir daí.
A França tem velocidade e talento para agredir e atormentar a defesa brasileira, com velocidade habilidade e técnica. Já o Uruguai conta com Luís Suárez, mas possivelmente sem Edinson Cavani perde demais. Contudo, se fecha, se retranca de uma maneira peculiar, pois sabe conectar defesa e ataque com enorme rapidez.
Difícil apontar o rival mais perigoso. E ambos têm em seus currículos triunfos históricos sobre o Brasil. Mas quem disse que chegar a uma final de Copa do Mundo é moleza?
Fonte:gazetadopovo.com.br