“Maquiagem Política” é uma constante em municípios brasileiros
Uma das coisas mais visíveis quando uma nova administração municipal começa, é a “estratégia” de pintar prédios públicos de cores diferentes daquelas que foram pintadas pelos antecessores.
É assim que começa a “maquiagem política” do município.
Talvez por não ter orçamento, mas por ter que mostrar que “está fazendo alguma coisa”, é “normal” que as primeiras “obras” dos novos prefeitos seja a pintura de prédios públicos. Afinal, o povo quer ver o prefeito(a) “trabalhando” e uma dispensa de licitação para pinturas é daquelas coisas mais fáceis de se fazer e de forma legal.
Acontece que a “maquiagem política” não fica por aqui… ela vai avançando por projetos e obras não iniciados ou não concluídos da(s) gestão(ões) anteriores. Assim, o prefeito(a) atual vão se “apropriando” de ideias e projetos que foram deixados prontos para começar, e colocando a sua “digital” ali… assim, aqueles projetos e obras que vão sendo iniciados ou concluídos, passam a levar a identidade do atual prefeito(a), que se “apropriou” das ideias e obras, inclusive, de seus adversários.
E sim. O mesmo ocorre em esferas estaduais e federal.
O problema não é o início ou a sequência da “maquiagem política”. O problema é a falta de visão e de planejamento do político que exerce seu mandato dessa forma. Afinal, espera-se que o gestor público trabalhe com o objetivo claro, na forma da Lei, tentar utilizar todos os meios, forças e finanças (não necessariamente nesta ordem), para resolver os problemas do município que administra.
Muitas vezes é necessário fazer uma conta básica: eu quero comprar 1 litro de leite, 10 pães e 200 gramas de mortadela. Para comprar estes produtos eu gasto, em média, uns R$ 12,00. O problema é que eu só tenho R$ 10,00. Então, eu tenho que priorizar… o que eu faço? Levo a mortadela e o leite? Ou levo o pão e o leite? Ou levo o pão e a mortadela? Tudo em a ver com a necessidade que você tem. Se uma pessoa tem intolerância à lactose, por exemplo, não vai levar o leite, porque sabe que fará mal.
O que acontece em boa parte dos municípios brasileiros? Eles não trabalham assim. Preferem aumentar as estruturas de cargos existentes, aumentar os vencimentos (salários) dos ocupantes destes cargos, para depois tentar resolver as coisas que precisam ser resolvidas. Claro que há excessões… felizmente, há muitas.
Mas se os prefeitos e presidentes de Câmaras partissem da premissa básica de fazer aquilo que dá pra ser feito, muita coisa seria diferente. E é aqui que a “porca torce o rabo”.
Câmaras também fazem”maquiagem política”
A grande maioria das Câmaras Municipais “estica a corda” de seu orçamento até o máximo, para não ter que devolver dinheiro para as prefeituras, principalmente quando o presidente da Câmara e o Prefeito são inimigos políticos. Isso é um desserviço para a cidade. Afinal, se a Câmara recebe um repasse de R$ 500.000,00 e tem como base uma despesa anual, real, de R$ 200.000,00, procurar gastar os R$ 300.000,00 restantes é “zombar da cara” do pagador de impostos, porque o repasse, em forma de devolução no final do ano, desse dinheiro restante, poderia ser utilizado em algumas obras do município, trazendo benefícios para a população em geral.
Na verdade, muitos dos presidentes de Câmaras preferem “negociar” com o prefeito a liberação destas verbas para que sejam utilizadas em “seus redutos eleitorais”… querem “por a sua marca” na gestão. E quando isso não acontece, acabam por criar reformas desnecessárias no prédio da Câmara, renovação de mobiliário, aquisição de novos equipamentos, criação de novos cargos, entre outros (mesmo que isso tenha acontecido nos últimos dois anos). Quando não há a necessidade de se fazer estas coisas, estamos vendo o desperdício de dinheiro público que poderia ser destinado à saúde ou à educação, por exemplo.
Se houvesse interesse real em melhorar as condições dos munícipes e dos municípios, Prefeituras e Câmaras trabalhariam em conjunto para fazer com que as verbas públicas fossem utilizadas como deveriam.
Como tudo seria melhor se Prefeituras e Câmaras se pautassem por critérios técnicos para não desperdiçar dinheiro público, leia-se dinheiro dos impostos dos brasileiros.
A “maquiagem política” faz mal para a saúde e para a educação dos brasileiros.
Fonte:
Aurasil de Lima Rodini Netto
Jornalista (DRT-Pr 7.294). Editor do Diário de Piraquara desde 2008.